Fala-se pouco sobre a qualidade do alimento que consumimos e principalmente sobre o impacto ambiental que ele gera para ser produzido. O ovo é usado há milhares de anos como solução na alimentação de grandes populações humanas, mas infelizmente a criação moderna de animais com produção em larga escala prioriza somente o lucro e a redução de custos, em detrimento da qualidade de vida dos animais.

No Brasil existem ovos classificados como orgânicos, caipiras ou industriais/de granja, classificações que infelizmente pouco dizem sobre o real valor biológico, respeito à natureza e boas práticas ambientais no processo de produção.

O orgânico indica que as galinhas são criadas em sistema extensivo, soltas em um local determinado, recebem a maior parte da alimentação orgânica (com tolerância de até 20% de alimentos convencionais desde que não sejam transgênicos), além de utilizarem somente medicamentos autorizados. No entanto elas se alimentam de ração e não necessariamente possuem uma função ecológica e acesso à natureza.

O ovo caipira não tem exigências quanto à origem da alimentação e nem restrição ao uso de medicamentos, as galinhas são criadas soltas ou semi-confinadas e muitas vezes recebem como suplementação uma ração comercial produzida a partir de grãos transgênicos.

Já o ovo produzido em granja é de longe o que tem menor valor biológico e respeito ao bem estar, o mais distante do que seria natural para a espécie. Os animais são mantidos em gaiolas dentro de galpões com iluminação e alimentação artificiais para estimular um aumento da produção. O que manda é a quantidade, não a qualidade.

A grande dificuldade para o consumidor consciente é que todas essas classificações trazem algum problema se pensarmos em termos de ciclos ecológicos, comportamento natural da espécie e integração com a natureza. Na maioria dos casos os ovos são produzidos em aviários fixos e essa prática impossibilita que as aves acessem diferentes ambientes e alimentos, inibindo o comportamento exploratório natural das galinhas e influenciando a qualidade nutricional do ovo que produzem. Além disso, causam impactos ambientais ao longo do tempo como o acúmulo de dejetos, parasitas, degradação e compactação do solo no local do galinheiro. Já a criação livre pode parecer bonita mas traz problemas como a destruição de hortas, canteiros e ingestão a de qualquer tipo de lixo, incluindo dejetos humanos em regiões sem saneamento básico, além de deixar os animais vulneráveis a ataques de predadores. Outro ponto importante é que infelizmente aqui no Brasil a qualidade do ovo que encontramos nos mercados é inferior por não ser armazenado em refrigeração, prática comum de higiene sanitária em outros países como EUA e Europa.

A boa notícia é que já existem soluções para diferentes necessidades, desde produzir para consumo próprio no jardim de casa, até empreender respeitando a natureza em espaços maiores como sítios e fazendas. Nosso trabalho se baseia na criação e cuidado dos animais através do respeito à qualidade de vida e comportamentos naturais da espécie, sejam soltas em um pasto ou em aviário móvel, mais conhecido como trator de galinhas. Entre os benefícios desse manejo estão a produção de um alimento saudável a baixo custo, fertilização e controle biológico do solo, manejo ecológico de gramados e pastagens, além da possibilidade das galinhas serem livres para expressar seus comportamentos, o que não acontece em criações convencionais.

Aviário móvel produzido em conjunto com a Escola de Permacultura – Baependi/MG

Acreditamos que qualidade envolve muito mais do que somente bem estar como é defendido hoje em dia, está ligada ao propósito e qualidade de vida de humanos, animais, vegetais e toda a natureza envolvida no processo.

Quer cuidar de animais de maneira saudável e ecológica? Entre em contato porakaa@gmail.com

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